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50 – Perdão: o relacionamento possível

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“Pois, se perdoarem as ofensas uns dos outros, o Pai celestial também perdoará vocês. Mas, se não perdoarem uns aos outros, o Pai celestial não perdoará as ofensas de vocês.” (Mt.6.12).

Há um rito entre os esquimós: quando alguém comete uma ofensa contra outro, o ofendido convida o ofensor para uma “batalha de cânticos”, em que a vítima expõe, publicamente, em forma de canção, a ofensa. Assim há o perdão entre as partes.

O perdão torna a humanidade possível. A filósofa alemã Hannah Arendt defende que, sem o perdão, nós seríamos constantemente vítimas das consequências de nossos erros. Ela diz isso por reconhecer que a ofensa é uma decorrência cotidiana de cada um de nós. Sendo assim, é o perdão que possibilita a vida continuar, pois encerra a reação em cadeia da vingança.

Para um discípulos de Jesus, o perdão àqueles que nos ofendem faz parte de nossa vida tanto quanto nossa necessidade do perdão de Deus.

Paulo escreve aos efésios: “Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus os perdoou em Cristo” (Ef.4.32), e aos Colossenses: “Perdoem as queixas que tiverem uns contra os outros. Perdoem como o Senhor lhes perdoou” (Cl.3.13). O apóstolo estava replicando um ensino do próprio Jesus: “se perdoarem as ofensas uns dos outros, o Pai celestial também perdoará vocês” (Mt.6.14). Esse versículo está inserido numa sequência em que Jesus mostra a Pedro que não há conta suficiente que esgote o limite que devemos perdoar (Mt.18.22). Em seguida, narra uma parábola mostrando que Deus espera que o imitemos na atitude de perdoar, ou do contrário Ele mesmo trará juízo sobre nós. Jesus nos ensina a perdoar na medida em que Deus nos perdoa. Deste modo, quanto mais eu conheço a mim mesmo e o quanto necessito do perdão de Deus, mais perdoador me torno.

Alguém pode perguntar: de que forma Deus perdoa? Em Miquéias 7.18 temos uma amostra: “Quem é comparável a ti, ó Deus, que perdoas o pecado e esqueces a transgressão do remanescente da sua herança? Tu, que não permaneces irado para sempre, mas tens prazer em mostrar amor”. Em que consiste o perdão, então? Em a) esquecer a ofensa; b) não permanecer irado; c) ter prazer em mostrar amor.

Veja que, sem o perdão, somos como animais selvagens em um ciclo infindável de vingança, tornando todo relacionamento impossível. Mas através do perdão não há relacionamento que esteja quebrado demais que não possa ser restaurado, pois o perdão é inesgotável e renova o laço entre as pessoas como se não tivesse havido ofensa.

Observe, no entanto, que apenas somos capazes de perdoar se compreendermos o quanto somos carentes do perdão de Deus, do quanto somos agraciados com sua grande misericórdia. Quanto mais sabemos o que Deus fez por nós, mais capacitados para perdoar nos tornamos.

Diante da grandeza do perdão de Deus por nós, e de seu amor, e de sua paciência, existe algum relacionamento impossível de ser restaurado?


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