58 – Como uma folha ao vento

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“Se você ficar calada nesta hora, socorro e livramento surgirão de outra parte para os judeus, mas você e a família do seu pai morrerão. Quem sabe se não foi para um momento como este que você chegou à posição de rainha?” Ester 4.14


“Forrest Gump” é o personagem vivido por Tom Hanks no filme com o mesmo nome. No final desse filme, Gump afirma: “Não sei se cada um tem um destino ou se só flutuamos sem rumo, como numa brisa… mas acho que talvez sejam ambas as coisas. Talvez as duas coisas aconteçam ao mesmo tempo.”

Gosto dessa afirmação pois ela sintetiza duas perspectivas da vida cristã. A primeira fala da Providência de Deus, a segunda representa nossa angústia por estarmos mergulhados na ignorância do destino de nossas próprias vidas.

Apesar de confiarmos no controle de Deus, às vezes, a vida pode parecer mesmo uma folha flutuando ao vento. Talvez as duas coisas aconteçam ao mesmo tempo.

No livro de Ester, não há a menção do nome de Deus. Seus personagens estão contando com a sorte. Apesar disso, é Deus que está agindo mesmo quando não o veem.

Ester era uma exilada de sua terra, regida por outras leis e longe de seus lugares sagrados. Como um peão do destino, ela é levada a um “torneio” de beleza quando, de repente, torna-se rainha. Ao mesmo tempo, fora dos olhos do rei, uma manobra política era liderada por Hamã com o fim de destruir o povo hebreu, do qual a rainha fazia parte. Ela, que havia se tornado rainha decorativa, agora estava correndo risco de vida.

Diante das reviravoltas não planejadas da vida, dessa aparente dança involuntária com o acaso, a vida pode parecer sem sentido. Avaliando apenas da perspectiva “abaixo do sol”, vislumbramos uma existência onde “tudo é inútil, é correr atrás do vento!” (Ecl.1.14).

Surge então nessa estrada dois caminhos perigosos: o primeiro é o caminho de Hamã que, crendo não haver um justo juiz sobre todo o Universo, buscou manobrar sua própria história a fim de conquistar o que desejava. Um segundo caminho é o do conformismo e do medo, pelo qual Ester estava se dirigindo – Ester 4.4,11.

Mas seu primo Mardoqueu tinha uma outra visão:

1) ele cria na Soberania de Deus: “Se você ficar calada nesta hora, socorro e livramento surgirão de outra parte para os judeus, mas você e a família do seu pai morrerão…”;

2) não tinha certeza do modo como Deus agiria: “Quem sabe…”

3) mas cria que a Providência de Deus dá sentido à existência daqueles que o obedecem: “Quem sabe se não foi para um momento como este que você chegou à posição de rainha?” – Ester 4.14.
Por isso, Ester se desfez do conformismo temeroso. Ela assumiu sua vocação e abdicou da própria vida para servir a Deus: “Se eu tiver que morrer, morrerei” (Ester 4.16). Crendo nAquele que está no vento, Ester se lança ao vento como um instrumento nas mãos daquele que “age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam” – Rm.8.28.

Muitas vezes, zonzos pelas voltas não desejadas de nossa história, somos encorajados pela Palava de Deus a crer sem ver e entregar-se nas mãos de Deus. Pela fé, a Providência de Deus dá sentido à vida, mesmo quando parece flutuar na brisa.

Dica de livro

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