“Não tendo a minha própria justiça que procede da lei, mas a que vem mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus e se baseia na fé” – Fp.3.9
Existem interessantes semelhanças entre Saul, rei de Israel, e Saulo, o apóstolo aos gentios. Além do nome (Saulo é a versão grega do nome Saul), ambos eram da tribo de Benjamim; e ambos perseguem o ungido do Senhor: Saul a Davi (1Sm.23); Saulo a Cristo (At.22.7). No entanto, há um contraste fundamental entre esses dois homens.
A história de Saul começa com um admirável reconhecimento da graça de Deus. Em 1Sm. 9, ao receber a notícia de que fora escolhido como rei em Israel, é tomado por um sentimento de graça comovente, dizendo: “Acaso não sou eu um benjamita, da menor das tribos de Israel, e não é o meu clã o mais insignificante de todos os clãs da tribo de Benjamim? Por que então estás me dizendo tudo isso?’” (v. 21).
Ele sabe que a escolha de Deus foi pura graça e que ele mesmo nada merecia. No entanto, o poder o corrompe e, seduzido pelo louvor humano, e por ele derrotado também, vê seu trono ameaçado pelo jovem Davi e, a despeito da vontade de Deus, inicia uma caça selvagem ao rapaz por conta própria, buscando se manter no poder com suas próprias forças. O fim de sua história é trágico, destruindo a própria vida e a de sua família.
A história de Saulo, por outro lado, começa com uma caça implacável contra a igreja, com o intento de santificar Israel com suas próprias mãos. No entanto, Jesus o aguardava no deserto e captura seu coração. De agora em diante, Saulo dizia: “considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor (…) não tendo a minha própria justiça que procede da lei, mas a que vem mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus e se baseia na fé” – Fp.3.8-9.
Saul começou reconhecendo a graça de Deus em sua vida, mas terminou lutando contra ela, buscando a salvação por suas próprias mãos. Saulo, por sua vez, se desvestiu da justiça própria, aprendeu que “vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus” (Ef. 2.8), e pela graça passou a viver.
O sentimento de justiça própria alimenta a mágoa, a ira, o orgulho e nos leva à morte. O conhecimento da graça nos satisfaz em entregar o controle de nossas vidas totalmente à Ele, matando as obras da carne e fazendo brotar vida nova em nossos corações.