“Não é certo negligenciarmos o ministério da palavra de Deus, a fim de servir às mesas. (…) nos dedicaremos à oração e ao ministério da palavra” Atos 6.2-4.
Expectativas erradas sobre o trabalho do pastor são semeadas pelo diabo para destruir o pastor e a igreja.
Isso acontece pois essas expectativas exigem do pastor algo para o qual ele não foi chamado. Se ele tentar atendê-las, deixará de fazer o seu trabalho. Se não o fizer, poderá ficar doente devido às expectativas frustradas.
Além do mais, o crente que criou essas expectativas logo ficará frustrado e se tornará um murmurador. Primeiro, com o pastor. Depois, com a igreja. Finalmente, com Deus. E a igreja ficará doente.
O pastor não resolverá problemas de casamento, nem crises existenciais. O pastor não pode atender às demandas emocionais que não lhe competem vocacionalmente. Nem deve. O pastor deve ter um distanciamento emocional equilibrado, nem tão longe, nem tão perto. Aquele distanciamento sadio que o protege da facciosidade, da maledicência e da falta de credibilidade para exortação.
O pastor, também, não resolverá os problemas financeiros da igreja, nem será empreendedor de obras ou aquele que sempre traz uma mensagem positiva ao púlpito. Pastores não são filósofos, para trazer altas reflexões sociais e morais dos novos tempos. Não são curandeiros e não virão para curar os doentes da igreja. Também não são místicos, cujo poder trará uma unção especial sobre os cultos. Pastores não são responsáveis pelos nossos pecados nem serão mediadores dos nossos pecados diante de Deus.
Finalmente, pastores não são Jesus Cristo, pois a igreja não é deles, nem vêm para trazer uma nova visão à ela.
Pastores são servos de Deus à igreja. O seu trabalho é levar a igreja à verdadeira adoração, à oração constante e à verdade da Palavra de Deus. Pelo seu exemplo e pelo seu ensino. Publicamente e de casa em casa. Em tempo e fora de tempo. Encorajando e corrigindo. Ao pobre e ao rico. Ao jovem e ao velho. Ao homem e à mulher. Ao obediente e ao indisciplinado.
Quando os membros da igreja de Jerusalém foram reclamar com os seus pastores por causa de um problema na distribuição da cesta básica para as viúvas, em Atos 6, Pedro não se deixou levar pelas expectativas dos membros da igreja. Ele não tomou o problema para si. Ele o delegou aos diáconos. Ele entendeu sua prioridade. Ele entendeu qual era o seu trabalho: “Não é certo negligenciarmos o ministério da Palavra de Deus” (At.6.2).
E a igreja não ficou frustrada. Pelo contrário: “Tal proposta agradou a todos” (At.6.5).
E Deus abençoou: “Assim, a Palavra de Deus se espalhava” (At.6.7).