“Tendo chegado às imediações do acampamento os leprosos entraram numa das tendas. Comeram e beberam; pegaram prata, ouro e roupas e saíram para esconder tudo. Depois voltaram e entraram noutra tenda, pegaram o que quiseram e esconderam isso também” – 2aRs.7.8.
A Síria comandada por Ben Hadade cerca Samaria, capital de Israel. O cerco era como um embargo econômico primitivo. Daí que a provisão de alimentos acabava e forçava a rendição do povo faminto, sem batalha. O cerco da Síria durou tanto que chegou ao ponto de uma mãe devorar próprio filho (2aRs.6.28-29)! A situação era caótica e desesperadora por dentro dos muros da cidade.
Quatro leprosos, sem opção favorável, resolveram apostar na rendição e saíram de Samaria para se entregar ao exército de Ben Hadade. Foi aí que aqueles que haviam sido marginalizados por toda a vida tornaram-se testemunhas de um grande milagre: o exército inimigo fugira não por qualquer ameaça de Israel, e sim pelo temor do Senhor, que mandara seu exército celestial. Os sírios haviam fugido, deixando para trás alimentos e objetos preciosos. Os quatro leprosos fizeram festa! Fartaram-se até o fim da tarde, esbaldando-se em alimentos e saqueando o tesouro inimigo.
Observemos: não havia mais inimigo, pois o Senhor os havia derrotado, mas o povo não sabia e por isso sofriam a tragédia da fome e do desespero. Sofriam por um inimigo já vencido, enquanto os leprosos esbanjavam-se com os seus despojos.
Quantas vezes não ficamos na mesma situação dos leprosos: sabemos que Cristo já venceu a morte, livrou-nos do pecado e ficamos a esbanjar na graça da misericórdia de Deus enquanto há tantos eleitos de Deus que estão como o povo em Samaria, sofrendo por um inimigo já vencido. Vivemos uma vida sem nos preocuparmos com a Samaria caótica, que necessita de uma única boa notícia, e nos esquecemos de que antes éramos leprosos devorados pelo pecado.
Ouça o seu coração quando acusa, dia-a-dia, tal qual disse um dos leprosos: “Não estamos agindo certo. Este é um dia de boas notícias, e não podemos ficar calados. Se esperarmos até o amanhecer, seremos castigados” (7.9).