“Engoliu, até a última gota, da taça que faz os homens cambalearem” – Is.51.17
Certa vez, Tiago e João se dirigiram com muita presunção a Jesus: “Queremos que nos faças o que vamos te pedir. Permite que, na tua glória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda” – Mc. 10.37.
Os discípulos vislumbravam um futuro de glória nesta terra, em que Jesus se sentaria como rei sobre todos os povos, e seus discípulos teriam lugar de honra. Por terem servido Jesus até ali, achavam-se merecedores de um grande banquete, e de estarem sentados numa mesa ao lado de Jesus, bebendo do cálice com o melhor vinho da festa.
A resposta de Jesus, porém, soou quase grosseira: “Podem vocês beber o cálice que eu estou bebendo?” – Mc.10.38.
Estar ao lado de Jesus em sua glória, beber do cálice que Jesus beberia, seria outra coisa: esse cálice continha a ira de Deus por toda a perversidade do seu povo. Jesus estava negando aos seus discípulos um cálice que Ele sabia que não poderiam beber. O cálice tinha tal amargor que o próprio Jesus pediu para NÃO bebê-lo: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice” (Lc.22.42). No entanto, em contraste com seus discípulos, não impôs sua vontade, mas se submeteu ao Pai: “contudo, não seja feita a minha vontade, mas a tua” – Lc.22.42.
A negação que Jesus faz aos discípulos sobre se sentarem ao seu lado na glória não era apenas um ato de correção. Mas um ato de amor. O vinho do cálice na garganta de Tiago e João iria descer rasgando suas almas. Eles não estavam prontos para isso. Mas Jesus sim. Seu amor por seus discípulos e submissão ao Pai o fez afirmar a Pedro: “Acaso não haverei de beber o cálice que o Pai me deu?” – Jo.18.11.
Assim, Jesus entornou o cálice que estava reservado para cada um de nós e “engoliu, até a última gota, da taça que faz os homens cambalearem” (Is.51.17). Hoje, Jesus nos oferece um outro cálice: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue, derramado em favor de vocês” (Lc.22.20). E nós, quando o bebemos, dizemos como os convidados daquela festa de casamento: “Mas você guardou até agora o melhor vinho” – Jo.2.10.
Em suas orações, tenha confiança nisso: Jesus impeliu de nossas mãos o cálice da ira que desejávamos, mas nos oferece abundantemente o cálice de sua graça, que é infinitamente melhor.