Quem foram os fariseus?

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Tudo sobre os fariseus, um dos partidos religiosos mais populares do Novo Testamento

Quem foram os fariseus? Grandes heróis de resistência, ou uma raça de víboras? Guerreiros e mestres da Bíblia, ou assassinos sanguinários de Jesus?

No tempo do Novo Testamento, os fariseus eram bastante populares e um partido religioso poderoso em Israel. Foram personagens atuantes em todo o ministério de Jesus, e também depois, no ministério de Paulo.

Como este grupo se tornou um dos principais responsáveis por levar Jesus à Cruz? Confira tudo o que descobrimos e contamos a vocês!

Os hassidim

Exército Jedi na guerra dos clones

Os hassidim foram os avôs que os fariseus deveriam se orgulhar.

Os hassidim, que significa “devotos”, foi um grupo religioso de Israel muito importante no segundo século antes de Cristo.

Este grupo se aliou a rebeldes contra o domínio do Império Selêucida, em 167 a.C, contra um decreto do imperador Antíoco Epifânio IV de propagar o helenismo pagão em Israel. Este acontecimento, que ficou conhecido como Revolta dos Macabeus, libertou Israel do domínio Sírio.

Assim, os hassidim foi um exército de sacerdotes que auxiliou na libertação do domínio Selêucida e conduziu a Dinastia dos Hasmoneus, liderada por Judas Macabeus, que dominou Israel por 103 anos, até serem derrotados pelos romanos, em 63 a.C.

A grande motivação dos hassidim era preservar a religião de Israel, e por isso, estes sacerdotes lideraram soldados e foram à guerra.

Esses hassidim não lembram o exército Jedi?

Surgem os fariseus

“O fariseu e o publicano” James Tissot,

O nome fariseu, do aramaico ‘perushim’, que significa ‘os separados’, pode ter aparecido como um apelido dado pelos adversários, devido ao rigor deste grupo quanto ao cumprimento da lei.

O historiador judeu Flávio Josefo aponta que a mais antiga menção aos fariseus ocorre entre 161-143 a.C, no tempo do reinado do governante Jônatas, o primeiro sumo sacerdote depois de Judas Macabeus.

No entanto, foi apenas em 134-104 a.C que os fariseus se estabeleceram como partido político.

Neste período, João Hircano I governava Israel. Este governante, além de Sumo sacerdote, fez-se rei em Israel, mesmo sem ser de linhagem de Davi ou de Aarão. Pode ser que as intrigas religiosas tenham começado neste ponto.

Hircano I foi um rei conquistador, e obrigou as nações conquistadas a serem judaizadas. Esta expansão geográfica e religiosa de Israel culminou em muitas disputas religiosas e no surgimento de diversos grupos, como os saduceus e os essênios. Foi neste cenário, também, que os fariseus se destacaram dos hassidim.

Por causa das intrigas, o rei abandonou os fariseus e aliou-se aos saduceus. Assim, passou a perseguir os “separados”.

A partir daí, os fariseus foram duramente perseguidos pelos reis hasmoneus seguintes. A perseguição durou até o reinado da única rainha judia dos hasmoneus, Salomé Alexandra, entre 76-66 a.C. A rainha se aproximou dos fariseus, devido sua popularidade entre o povo.

Foi a partir deste período que os fariseus alcançaram a hegemonia espiritual entre o povo de Israel.

Passados os anos em que levaram Jesus à cruz, os fariseus se tornarão ainda mais poderosos após a destruição do Templo de Jerusalém, com o fim dos saduceus. Eles foram o primeiro grupo a fazer a paz com os romanos e foram os avós do judaísmo rabínico posterior.

Quem, afinal, foram os fariseus?

Diferente do que pode parecer, os fariseus não eram aristocratas, como foram os saduceus. Pelo contrário. O grupo era formado por leigos, trabalhadores e empresários da classe média. Embora alguns também fossem escribas.

Além disso, os fariseus não era um grupo numeroso. Flávio Josefo regista que, no primeiro século, eram um pouco mais de seis mil pessoas. Também não eram a maioria no Sinédrio.

Apesar de não serem nem aristocratas, nem numerosos, os fariseus tinham grande poder sobre as massas, e por isso, tinham um grande peso na opinião pública.

No início do movimento dos fariseus, quando havia perseguição, o grupo era formado por homens íntegros e com rigor moral. No entanto, quando as gerações passaram, os filhos herdaram o poder dos pais, mas não sua piedade.

O ensino dos fariseus

Os fariseus foram uma das principais seitas judaicas do início do século.

Os fariseus dedicavam-se a ensinar o povo nas sinagogas, e seu ensino tinha duas grandes fontes. A Lei Judaica, pela tradição escrita, o nosso Antigo Testamento; e a tradição oral que foi acrescentada à Lei. Foi contra esta tradição oral que Jesus se opôs veementemente.

“Blasfêmia”

Teologicamente, os fariseus se opunham à teologia dos saduceus. Eles criam numa mistura doutrinária entre a livre vontade humana e a intervenção divina. Também, possuíam uma hierarquia de anjos e demônios bastante desenvolvida. Além do mais, criam na ressurreição dos mortos e ensinavam que os ímpios receberiam condenação após a morte, e os justos, sua retribuição.

Paulo e a confusão no Sinédrio

Uma história até engraçada ocorreu num dos tribunais do Apóstolo Paulo, em Atos 23. Paulo estava sendo julgado pelo Sinédrio, de onde ele mesmo já havia participado, e onde havia uma mescla de fariseus e saduceus.
Paulo conhecia muito bem as disputas teológicas entre os dois grupos, sobre a questão da ressurreição dos mortos. Então, em sua defesa, para provocar confusão, Paulo usou sua inteligência:
“Sabendo Paulo que uma parte do Sinédrio se compunha de saduceus e outra, de fariseus, exclamou: Varões, irmãos, eu sou fariseu, filho de fariseus! No tocante à esperança e à ressurreição dos mortos sou julgado!” v.6.
Daí, então, citando a questão da ressurreição dos mortos, que os saduceus não criam, ele consegue o apoio dos fariseus, que provocam ainda mais os saduceus:
“Houve, pois, grande vozearia. E, levantando-se alguns escribas da parte dos fariseus, contendiam, dizendo: Não achamos neste homem mal algum; e será que algum espírito ou anjo lhe tenha falado?” v.9

A teologia dos fariseus, no entando, era mais moral que teológica. O farisaísmo se resumia em viver em conformidade com a Lei. Para eles, cumprir as leis os tornavam justos diante de Deus.

Já politicamente, os fariseus eram mais moderados que os zelotes. Eles defendiam a igualdade entre os homens e criam na teocracia.

Um detalhe digno de nota. Embora os fariseus e saduceus possuíssem rivalidade histórica e teológica, os dois grupos se amotinaram juntos para levar Jesus à cruz (Mt.22.34).

Jesus vs fariseus

Os fariseus não deram descanso para Jesus. Cegos, eles encararam Jesus como uma ameaça ao seu poder, pois tinha carisma diante do povo.

Os fariseus:

Mas Jesus não os perdoou e:

  • contou uma parábola em que chama o fariseu, seu hóspede, de credor desonesto: Lc.7.41-50.
  • contou uma história em que caçoa um fariseu e o coloca como exemplo de como NÃO orar: Lc.18.10-14.
  • Deixou-os sem resposta: Mt.22.41-46.
  • Chama-os de pior que cegos: Jo.9.39-41.

E, finalmente, fez um discurso duríssimo contra eles, em Mateus 23, e os acusa de:

  • não praticarem o que pregam (v.3)
  • gostar de serem vistos pelos homens (v.5)
  • hipócritas (v.14)
  • explorar os pobres (v.14)
  • falso ensino (v.15)
  • serem guias cegos (v.16)
  • serem amantes do dinheiro (v.17),
  • pecadores (v.23)
  • ganância e cobiça (v.25)
  • sepulcros caiados (v.27)
  • serpentes, raça de víboras, condenados ao inferno (v.33)
  • assassinos (v.35)
  • Tá bom ou quer mais?

Depois dessa, os fariseus não tiveram outra alternativa, a não ser levarem Jesus à cruz.

Cena da série “The Chosen”

Bons Fariseus

Apesar de os fariseus terem ficado com uma fama muito ruim (e com razão), este grupo religioso possui uma história de zelo pela Palavra, e também, nem todos eram loucos e hipócritas como aqueles que perseguiram Jesus, mas tinham o desejo sincero de servir à Deus e eram moderados.

Nicodemos, por exemplo. Ele era um fariseu e buscou Jesus, embora timidamente, e possuía um desejo sincero em saber a verdade (Jo.3.1-21); ele também buscou defender Jesus entre os seus, e foi duramente criticado (Jo.7.40-52), e, finalmente, foi com José de Arimatéia preparar um lugar para sepultar Jesus (Jo.19.39).

Um outro fariseu moderado também foi Gamaliel, que Atos 5.34-40, que defendeu Pedro contra a massa furiosa.

E, finalmente, o maior dos fariseus convertidos ao cristianismo, discípulo de Gamaliel. O apóstolo Paulo, fariseu dos fariseus, rigoroso e justo no cumprimento da Lei (Fp.3.5-6).

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Fonte:

Fatos e números da Bíblia, Tim Dowley
Dicionário da Bíblia, John Davis
Descobrindo o Novo Testamento, Bill Arnold

Infocard

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