026 – A última lágrima a ser derramada

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“Assim que o viu, correu para abraçá-lo e, abraçado a ele, chorou longamente” (Gn 46.29)


Sabemos que José, filho de Jacó, foi vendido como escravo pelos irmãos, foi preso injustamente no Egito e foi abandonado pelos amigos na prisão. Mas há algo que Gênesis omite desses episódios: suas lágrimas. Não vemos José chorando sendo escravo ou preso. Mas, por outro lado, Gênesis não nos poupa das lágrimas de José em outros instantes: “E ele se pôs a chorar tão alto que os egípcios o ouviram, e a notícia chegou ao palácio do faraó” (Gn 45.2). Essas lágrimas de José são de outro tipo. São lágrimas de perdão, de reconciliação e de redenção. E, finalmente, as últimas lágrimas de José relatadas são aquelas, do encontro com o seu pai: “Assim que o viu, correu para abraçá-lo e, abraçado a ele, chorou longamente” (Gn 46.29).

Não seremos livres das lágrimas e das aflições neste mundo. Aquele texto bíblico, que é o mais profundo com a maior economia de palavras, é uma arrebatadora amostra de como este mundo nos inspira dor: “Jesus chorou” (Jo.11.35). E não foi a única vez. Em Hebreus 5.7, lemos que “Durante os seus dias de vida na terra, Jesus ofereceu orações e súplicas, em alta voz e com lágrimas, àquele que o podia salvar da morte, sendo ouvido por causa da sua reverente submissão”.

O autor de Eclesiastes, vendo a vida apenas da perspectiva abaixo do sol, constatou: “Vi as lágrimas dos oprimidos, mas não há quem os console” (Ec 4.1); mas Jó olhou para além do sol, e encontrou consolo: “O meu intercessor é meu amigo, quando diante de Deus correm lágrimas dos meus olhos” (Jó 16.20).

Não seremos livres do pranto, da aflição. Jesus não foi, sua igreja também não será.

Quando Gênesis nos omitiu as lágrimas de dor de José, mostrando-nos apenas as lágrimas de regozijo, talvez o livro estivesse adiantando Romanos 8.18: “Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada”. Derramaremos lágrimas neste mundo. Serão oceanos de lágrimas. Salgadas, dolorosas. Mas devemos lembrar que não será aqui que cairá a última gota. Aquelas últimas lágrimas, derramadas aos soluços, como as de José, serão derramadas nos braços do Pai, derramadas sob o fluxo da alegria de saber que a aflição terminou. Tudo foi cumprido e o Senhor guardou a nossa alma.

Daí então o Pai se colocará a nossa altura, e diante de nosso rosto movimentará seu indicador usado para julgar, mas fará o oposto: “Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima”, e elas serão as últimas, pois “não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou” (Ap 21.4).

Maranata, vem Senhor Jesus!


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