“Começou uma discussão entre os discípulos acerca de qual deles seria o maior” – Lc.9.46
Cuidemos para não pecarmos como os apóstolos, com o espírito de competitividade.
Em Lucas 9.46, lemos: “Começou uma discussão entre os discípulos acerca de qual deles seria o maior”. Outra vez, Tiago e João pediram a Jesus: “Permite que, na tua glória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda” (Mc.10.37). E o resultado foi imediato: “Quando os outros dez ouviram essas coisas, ficaram indignados com Tiago e João” (Mc.10.41). Finalmente, em outro episódio, os discípulos chegaram a Jesus: “Mestre, vimos um homem expulsando demônios em teu nome e procuramos impedi-lo, porque ele não era um dos nossos” (Lc.9.49). Mas os discípulos foram repreendidos por Jesus… novamente…
Veja que, no primeiro caso, a vaidade gerou uma discussão tola. No segundo caso, o desejo de poder de Tiago e João gerou nos demais inveja e indignação. Finalmente, o sentimento faccioso quanto ao que “não era um dos nossos” quase impediu que a obra de Deus se estendesse. A vaidade e a inveja também distribuem vocações na igreja, e os frutos dessas vocações são discussão tola, ira e facciosidade.
Jesus, por sua vez, contrapõe os discípulos: “Quem se faz humilde como esta criança, este é o maior no Reino dos Céus” (Mt.18.4). A humildade é o atroveran da competitividade: tomou, passou. O apóstolo Paulo, usando um sinônimo de humildade, o amor, disse: “Ainda que eu tenha o dom da profecia e saiba todos os mistérios e todo o conhecimento (…) se não tiver amor nada disso me valerá” (1Co.13.3), e na sequência, entendemos como o amor não admite competitividade: “[o amor] não inveja, não se vangloria, não se orgulha, não maltrata, não procura os seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor” (1Co.13.4-5). Tomou, passou.
O amor e a humildade, ainda, geram cooperação: “quando um membro sofre, todos os outros sofrem com ele; quando um membro é honrado, todos os outros se alegram com ele” – 1Co.12.26.
Com cooperação nos tornamos semelhantes a Jesus: “o Senhor cooperava com eles” (Mc.16.20). Sem cooperação, no entanto, nada é feito no reino de Deus, e Paulo não teria dito: “Proclamei plenamente o evangelho de Cristo” (Rm.15.19), pois isso só foi possível mediante a longa lista de cooperadores que o apóstolo cita logo em seguida, em Romanos 16.1-16.
A cooperação é fruto de um coração que ama, que serve, e que reconhece que o único que deve ser exaltado em nossa obra é o Senhor Jesus. Quando vemos alguém trabalhando para a Obra de Deus, não importa de que clube seja, devemos pensar: “quem não é contra nós está a nosso favor” – Mc.9.39.
A competição é, afinal, uma grande tolice, porque ela destrói o que ela mesmo busca: o favor de Deus, pois “Se alguém quiser ser o primeiro, será o último” (Mc. 9.35). A cooperação, no entanto, é sinal de maturidade e amor pela obra de Deus. O competitivo realiza a própria obra e dela tem ciúmes. O cooperador, por sua vez, nada mais é que alguém buscando servir ao seu Senhor.
Dica de livro: