“O dragão colocou-se diante da mulher que estava para dar à luz, para devorar o seu filho no momento em que nascesse” (Ap.12.4).
Leia Apocalipse 12.1-17.
A história do Evangelho não começou com o nascimento do Senhor Jesus Cristo. Ela já estava em andamento em épocas imemoriais.
Em Ap.12.1-17, o evangelho começa com uma perseguição de um dragão a uma mulher grávida. Esse dragão é a antiga serpente (Ap.12.9) que levou a humanidade ao pecado e à Queda; já a mulher grávida é o povo de Deus. O texto é uma lembrança da maldição e da rivalidade de Satanás contra o descendente da mulher, ou seja, contra o povo de Deus (Gn.3.15).
A maldição de Gênesis 3.15 traz a promessa de que o descendente da mulher pisaria a cabeça da serpente, que traria derrota a Satanás. Por isso, desde então, Satanás se voltou furioso contra o povo de Deus, buscando frustrar os planos de Deus.
Imergido em Trevas, como um cão farejando seu alimento, Satanás tentou de todas as maneiras descobrir quem seria o descendente que iria destruí-lo. Através de homens ímpios, iniciou uma caça impiedosa contra o povo de Deus, seja levando-os ao pecado, seja causando o genocídio de sacerdotes e a morte de descendentes de Judá. Este, afinal, é o resumo do Antigo Testamento: “O dragão colocou-se diante da mulher que estava para dar à luz, para devorar o seu filho no momento em que nascesse” (Ap.12.4).
Mas aí, o nascimento do descendente aconteceu na surdina. No tempo do nascimento de Jesus, Satanás estava presente no Império, no governo da Palestina e inclusive no templo. Deus, no entanto, trouxe seu filho à luz na calada da noite, protegido em uma manjedoura, lugar em que uma mente como a de Satanás não poderia desconfiar. O nascimento de Jesus foi revelado a Satanás somente quando os magos do Oriente, desajeitadamente, espalharam a notícia pela cidade de Jerusalém (Mt.2.2). O dragão, por isso, ficou perturbado. Através de Herodes, Satanás caçou desesperadamente o menino (Mt.2.8). Mas Deus, assim como havia feito em todas as eras, protegeu o seu primogênito.
Alertou os magos através de sonhos (Mt. 2.12) e, através de um anjo, alertou a família, que fugiu com o menino para o Egito (Mt. 2.13).
Ensandecido, o dragão promoveu sangrenta matança: “Enfureceu-se Herodes grandemente e mandou matar todos os meninos de Belém” (Mt.2.16).
Apesar disso, mais uma vez, o dragão não foi capaz de frustrar os planos de Deus e, para o terror da serpente, o descendente nasceu: “[A mulher] deu à luz um filho, um homem, que governará todas as nações com cetro de ferro” (Ap.12.5).
Foi esse menino que, finalmente, derrotou Satanás e despojou dele os direitos de acusação no céu (Cl.2.15): “o dragão e os seus anjos revidaram. Mas estes não foram suficientemente fortes, e assim perderam o seu lugar no céu. O grande dragão foi lançado fora” (Ap.12.7-9).
No entanto, a história de perseguição ao povo de Deus ainda não acabou: “O dragão irou-se contra a mulher e saiu para guerrear contra o restante da sua descendência, os que obedecem aos mandamentos de Deus e se mantêm fiéis ao testemunho de Jesus.” (Ap.12.17).
O dragão, agora, se voltou furiosamente contra a igreja de Jesus. Diante disso, o crente só pode descansar, vigiar e esperar. O crente descansa, pois sabe que o dragão foi derrotado e perdeu o seu poder de acusar os filhos de Deus; por outro lado, o crente vigia, pois, embora o dragão esteja acorrentado, ele está furioso e continuamente seduz o crente para longe de Deus e para perto de si, levando o crente ao desânimo, à incredulidade, ao medo e ao pecado. O crente vigia andando sempre revestido da armadura de Deus, protegido pela oração e pelas promessas da Palavra de Deus. Finalmente, diante do dragão, o crente espera, pois sabe que o Príncipe da Paz logo logo voltará. Do mesmo modo que Deus foi fiel em cumprir sua promessa de derrotar o dragão, ele voltará para cumprir sua promessa de lançá-lo no lago de fogo, definitivamente.
Ore a Deus
– Pelo descanso nas promessas de salvação. Peça que Deus tire o medo da perseguição, do pecado, da culpa. Satanás foi derrotado pelo Senhor Jesus;
– Peça pela disposição em vigiar. Peça por mais fé, por uma vida mais vigorosa de oração e de leitura da Palavra de Deus. Peça também por discernimento de que o dragão está furioso e de que nossa luta não é contra carne e sangue, mas contra os principados e potestades. Por isso, essa luta só pode ser combatida com armas espirituais;
– Peça pela esperança, própria daqueles que esperam em Deus. Deixe o Espírito Santo encher o seu coração com a viva esperança da derrota final de todo o mal, de todo o pecado, quando o nosso Senhor voltar para reinar definitivamente sobre o seu povo.