Quem foram os publicanos?

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Jesus andava com corruptos? Os publicanos tiveram uma atenção especial de Jesus e por isso tiveram suas vidas transformadas. 

Os evangelhos citam algumas vezes um grupo de profissionais chamados de publicanos, que suscitavam diferentes sentimentos. Os fariseus, por exemplo, chamavam-nos de “pecadores”, mas Jesus os recebeu e comeu com eles. Eles, por sua vez, receberam Jesus com alegria.

Confira que grupo é esse, tão odiado pelo povo, mas que estiveram entre os discípulos e até apóstolos de Jesus!

Cobradores de impostos e “pecadores”

“O chamado de Mateus” por Caravaggio

Quando falamos em publicanos, precisamos diferenciar duas classes semelhantes, mas com diferenças bem importantes.

A primeira classe de publicanos era formada de homens muito ricos, normalmente romanos, que venciam o leilão para adquirir o direito de cobrar os impostos em determinada região.

O Império Romano não entregava a cobrança de impostos a oficiais, mas arrendava o direito de cobrança de impostos para quem desse o maior lance para tal. Assim, o arrendatário pagava adiantado uma parte da soma dos impostos que ainda iria colher de determinado distrito. Esse era o publicano.

Depois disso, os publicanos recebiam o direito de cobrar os impostos e, evidentemente, cobravam taxas inflacionadas. Muitas vezes, cobravam um valor muito maior do que o devido, já que não havia um preço fixo do quanto poderiam cobrar.

Zaqueu provavelmente foi esse tipo de publicano, da região de Jericó, pois ele é chamado de “chefe dos publicanos” (Lc.19.2), apesar de ser um judeu.

“Chega de cobradores de impostos”

Já a segunda classe de publicanos era de trabalhadores contratados pelos primeiros, normalmente judeus e não tão ricos quanto aqueles. Eram esses que faziam as cobranças de fato das taxas e dos impostos. Sentavam em suas coletorias e eram acompanhados de soldados romanos.

Essa segunda classe de publicanos era ainda mais odiada do que a primeira, pois era formada de judeus aliados a romanos, e por isso eram considerados tanto ladrões quanto traidores do seu povo. Eram chamados de “pecadores” (Mt.9.10-11).

Mateus, um discípulo de Jesus e um dos Doze apóstolos, era um desses publicanos contratado de Carfarnaum (Mt.9.9).

Jesus e os publicanos

Embora muitos fossem realmente corruptos e ladrões, os publicanos mostraram-se sensíveis à mensagem do evangelho desde o início. Ainda quando João Batista pregava, eles já se aproximavam arrependidos:

“Alguns publicanos também vieram para serem batizados. Eles perguntaram: “Mestre, o que devemos fazer? ” Ele respondeu: “Não cobrem nada além do que lhes foi estipulado” – Lc.3.12-13.

De forma especial, Jesus foi muito sensível a eles.

“O chamado de Levi” por Hendrick ter Brugghen, 1621

O primeiro publicano discípulo de Jesus relatado nos evangelhos foi Levi, também chamado de Mateus, que virá a se tornar um dos Doze apóstolos de Jesus. Sem que ele mesmo o procurasse, Jesus se aproximou dele enquanto pregava e o chamou para segui-lo. O publicano ficou tão feliz que organizou uma festa para ele e convidou os seus companheiros de trabalho, outros publicanos.

Por essa ousadia, os fariseus ficaram furiosos e começaram a caluniar Jesus, dizendo: “Por que o mestre de vocês come com publicanos e ‘pecadores’?” – Mt.9.11.

E Jesus mesmo respondeu:

“Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Vão aprender o que significa isto: ‘Desejo misericórdia, não sacrifícios’. Pois eu não vim chamar justos, mas pecadores” – Mt.9.12-13.

O segundo publicano discípulo de Jesus relatado nos evangelhos é o chefe deles em Jericó, o baixinho chamado Zaqueu.

“Zaqueu esperando Jesus”, por James Tissot

Talvez ele tivesse ouvido sobre Mateus como um discípulo de Jesus e isso o fez interessar-se ainda mais a conhecer aquele Jesus. Quando Jesus passou por Jericó, Zaqueu subiu numa figueira para poder enxergar o seu futuro mestre.

Vendo isso, Jesus aproximou-se do baixinho e, olha só, convidou-se para comer na casa dele! Zaqueu ficou muito feliz com aquilo, pois era um homem desprezado pelo seu próprio povo. Esse mesmo povo que começou a criticar Jesus por ter feito aquilo: “Ele se hospedou na casa de um ‘pecador” (Lc.19.7).

“Hoje houve salvação nesta casa! Porque este homem também é filho de Abraão. Pois o Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido” Lc.19.9-10.

Para nossa surpresa, Zaqueu não somente se converteu a Jesus, como disse que distribuiria seus bens aos pobres e ressarciria quatro vezes mais a qualquer pessoa que ele porventura houvesse roubado (Lc.19.8).

E disse Jesus, escandalizando a multidão:

Hoje houve salvação nesta casa! Porque este homem também é filho de Abraão. Pois o Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido”

Lc.19.9-10.

Fariseus e publicanos

“O fariseu e o publicano” por James Tissot

Devido ao seu rigor religioso, os fariseus eram os maiores opositores dos publicanos. Houve uma ocasião em que Jesus colocou ambos, fariseus e publicanos, em oposição, através de uma parábola. Isso deve ter doído no estômago.

Confira:

“Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu e o outro, publicano. O fariseu, em pé, orava no íntimo: ‘Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens: ladrões, corruptos, adúlteros; nem mesmo como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho’. “Mas o publicano ficou à distância. Ele nem ousava olhar para o céu, mas batendo no peito, dizia: ‘Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador’. “Eu lhes digo que este homem, e não o outro, foi para casa justificado diante de Deus. Pois quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado” – Lc.18.10-14.

Nessa parábola, Jesus colocou o publicano e o fariseu em oposição, não pelo que fizeram nem por serem publicanos ou por serem fariseus, e sim pelo modo como se aproximaram de Deus. Um, com orgulho; o outro, com humildade. E por causa da humildade, o publicano foi chamado de justo por Jesus.

E eu com isso?

Jesus encontrou-se com muitas pessoas e com muitos grupos durante o seu ministério. De todos os seus encontros, ele deixou claro que o que separa as pessoas de Deus não são o que elas fazem, mas sim a atitude que tomam quando se encontram com Jesus. Com arrependimento e humildade, ou com orgulho e rebeldia.

Até mesmo o mais religioso dos grupos não será recebido por Jesus se não houver arrependimento. Até o mais corrupto dos ladrões será recebido por Jesus se ele se aproximar com a alegria de Mateus e de Zaqueu, e com o coração humilde como o do publicano da parábola.

Consulta

Enciclopédia da Bíblia – Cultura Cristã
Novo Dicionário da Bíblia, John Davis – Hagnos
Dicionário Ilustrado da Bíblico, Ronald F. Youngblood – Vida Nova
Enciclopédia Bíblica Ilustrada – SBB

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