A batalha em Queila

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A primeira batalha de Davi com os seus valentes para libertar Queila do ataque filisteu

A importância da batalha em Queila contra as mãos de ferro dos filisteus, narrada em 1Sm.23.1-14, está no fato de ser a primeira batalha liderada por um Davi fugitivo com o seu exército de rebeldes. Nela, Davi dá ao seu povo um grande exemplo de obediência e confiança em Deus.


A última coisa que Davi deveria pensar naquele momento era entrar numa batalha. Por volta do ano 1030 a.C, Davi fugia de uma perseguição frenética de seu próprio rei, Saul. Primeiro, buscou refúgio em Nobe, entre os sacerdotes. Depois, foi para Gate, entre os filisteus, onde teve que se fingir de louco. Finalmente, como um renegado, refugiou-se numa caverna em Adulão. Foi ali que sua família se juntou a ele. Também foi ali que começou a formar seu exército com um grupo de rebeldes e descontentes.

Sabendo que nenhum lugar seria seguro para sua família, Davi levou-os a Mispa, entre seus parentes moabitas, para deixá-los em segurança. Enfim, seguiu para uma região chamada de Bosque de Herete (1Sm.22.5).

Por sua vez, Saul o perseguia tão loucamente pelos desertos de Judá que, quando soube que os sacerdotes haviam ajudado Davi, o rei de Israel mandou matar 85 sacerdotes e realizou uma chacina em Nobe. Nem os animais escaparam da fúria de Saul (1Sm.22.6-19).

Davi, você ficou maluco?

Queila era uma cidade a 5 quilômetros ao sul de Adulão, na parte baixa de Judá, e ficava próxima das pentápoles filistéias, especialmente de Gate.

Talvez os filisteus tenham aproveitado a loucura do rei de Israel, que estava muito ocupado caçando Davi, e tenham visto nisso uma oportunidade para conquistar as terras de Judá. Por isso, oprimiram os moradores de Queila e roubaram a produção agrícola do povo.

Davi ficou sabendo disso e tomou uma verdadeira atitude de rei: ele consultou o Senhor quanto ao que deveria fazer.

O sacerdote Abiatar, que havia fugido de Nobe, estava com Davi e havia trazido com ele a estola sacerdotal, com o éfode sagrado e o Urim e Tumim, instrumentos feitos segundo as instruções de Deus para que os sacerdotes consultassem a Deus para tomarem decisões:

“Ponha também o Urim e o Tumim no peitoral das decisões, para que estejam sobre o coração de Arão sempre que ele entrar na presença do Senhor. Assim, Arão levará sempre sobre o coração, na presença do Senhor, os meios para tomar decisões em Israel” (Ex 28.30).

A estola sacerdotal, o éfode e o Urim e Tumim eram instrumentos sacerdotais para que o rei consultasse a Deus

Junto do sacerdote, Davi consultou a Deus: “Devo atacar esses filisteus?” O Senhor lhe respondeu: “Vá, ataque os filisteus e liberte Queila” (1Sm 23.3).

Mas, qual exército Davi tinha? Era o bando que havia se juntado a ele em Adulão. Olha o nível do pessoal:

“Também juntaram-se a ele todos os que estavam em dificuldades, os endividados e os descontentes; e ele se tornou o líder deles. Havia cerca de quatrocentos homens com ele” (1Sm 22.2).

Que time, não?

Foi assim que os futuros valentes de Davi responderam ao seu líder:

“Aqui em Judá estamos com medo. Quanto mais, então, se formos a Queila lutar contra as tropas dos filisteus!” (1Sm 23.3).

O medo dos seus soldados era que, se fossem a Queila, a notícia iria acabar chegando a Saul, e então eles estariam presos dentro da cidade, não podendo escapar do rei.

Davi, o libertador de Queila

“Os valentes de Davi”, por James Tissot, 1836-1902

Por que sua tropa estava estava apavorada, Davi consultou novamente a Deus, e Deus o assegurou que ele seria vitorioso contra os homens do ferro:

“Levante-se”, disse o Senhor, “vá à cidade de Queila, pois estou entregando os filisteus em suas mãos” (1Sm 23.4).

E foi o que aconteceu. O rapaz, empunhando a espada de Golias, juntou seus 400 homens sem preparo e armados de paus e pedras e “combateram os filisteus e se apoderaram de seus rebanhos, impondo-lhes grande derrota e libertando o povo de Queila” (1Sm 23.5).

Os traidores de Queila

Quando o rei Saul ficou sabendo do que Davi havia feito, ao invés de ficar satisfeito com a derrota dos filisteus, interpretou erroneamente como um sinal de que Deus estava entregando Davi a ele. Assim, convocou seu exército e seguiu para cercá-lo na cidade.

Davi ficou sabendo e consultou novamente a Deus. Perguntou se os moradores de Queila iriam entregá-lo. E Deus respondeu que sim – os mal-agradecidos moradores de Queila iriam trair o próprio libertador.

Antes de julgar, pense como um habitante de Queila: a notícia de que Saul havia matado dezenas de sacerdotes em Nobe só porque receberam Davi já havia se espalhado. Se o rei havia feito aquilo com sacerdotes, o que não faria com os moradores de Queila? Em Queila, os israelitas temiam mais o rei que os filisteus.

Mas, antes que Saul chegasse, Davi conseguiu escapar mais uma vez, agora para a região do deserto de Zife, que era montanhosa e serviria de fortaleza para escondê-los do rei.

E, para sua surpresa, não havia apenas traidores na cidade. 200 homens de Queila se juntaram a Davi, que saiu com um exército de 600 homens!

Davi consultou a Deus, Saul, não. Davi foi obediente a Deus, Saul, não. Davi guardava Israel, Saul, não. Por isso, diferente do que Saul havia pensado, “Deus não entregou Davi em suas mãos” (1Sm 23.14).

Consulta:

História de Israel no Antigo Testamento, Eugene Merril
Manual Bíblico Unger
Novo Dicionário da Bíblia, John Davis

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