85 – Sombras e névoa

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“Certo é que falei de coisas que eu não entendia, coisas tão maravilhosas que eu não poderia saber.” (Jó 42.3).



Sombras e névoa. O casal que não engravidou. O pai de família que não arrumou emprego. A mulher que não casou. A dor terrível que não passou. Um crente assim questiona Deus, pergunta por quê. Mas não descobre a razão. Não vê um fim proveitoso. Está numa vida de sombras e névoa.

Mesmo o justo Jó passou por isso. Perdeu bens, familiares, o mínimo de dignidade. Questionou, mas aí aprendeu: “Certo é que falei de coisas que eu não entendia, coisas tão maravilhosas que eu não poderia saber” (Jó 42.3).

Jó pensava saber onde punha os pés, mas descobriu algo assombroso: todo o seu planejamento para garantir um mínimo de conforto para uma aposentadoria feliz pode sumir até o fim do dia. Amanhã mesmo, indo para o trabalho, uma pessoa querida pode cruzar o caminho do homem mau e o improvável pode acontecer. Descobriu que uma travessia mal feita pode tirar toda a sua força e amarrá-lo para sempre numa maca, a depender da compaixão alheia. Não era ele que controlava a vida: “Sei que podes fazer todas as coisas; nenhum dos teus planos pode ser frustrado” (Jó 42.2).

O bem e o mal, a saúde e a doença, a riqueza e a pobreza, a morte e a vida. Nossa vida está nas mãos de Deus. E, apesar do dia mau, ele continua bom, misericordioso, amável e soberano, pois o nosso justo lugar é nas trevas, na mais tenebrosa morte.

Jó aprendeu que a vida não é simples, e que “Deus prova os homens para que vejam que são como os animais” (Ec 3.18) e “assim faz para que os homens o temam” (Ec 3.14). Diante do mistério dos planos de Deus, Jó aprendeu de forma profunda a dependência de Deus, e o temor ao Senhor: “Agora os meus olhos te viram. Por isso menosprezo a mim mesmo e me arrependo no pó e na cinza” (Jó 42.5-6).

Na névoa tenebrosa e no longo dia mau, é hora de fechar os olhos reverentemente e lembrar daquele que lançou os alicerces da terra, que represou o mar, que vestiu as nuvens, que deu ordens à manhã e que “nenhum dos teus planos pode ser frustrado” (Jó 42.2). É hora de viver pela fé, de seguir contrito em oração atravessando a névoa, confiando que “Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam” (Rm 8.28).

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