022 – O sofrimento do Servo do Senhor – (Isaías 53)

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“Mas ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniquidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados” – Isaías 53.5

Numa manhã de abril de 1500, Cabral avistou o monte de uma terra nova. Era Oitava de Páscoa. Ao monte, na costa baiana, chamaram Monte Pascoal. À terra encontrada, Terra de Vera Cruz. Nenhuma outra celebração deveria estar mais no coração do brasileiro que a Páscoa. E neste momento em que nós, brasileiros, nos unimos para enfrentar uma ameaça comum, que arranca vidas e empregos, traz medo e solidão; num momento em que, encastelados, já ouvimos a marcha do ataque mais feroz do vírus – chega também a Páscoa. Nela, visualizamos dor e miséria, mas também esperança e salvação. Convidamos as famílias da Igreja para que nesta semana provem em suas vidas, em comunhão com o Senhor Jesus e auxiliados pelo Espírito Santo, do poder que vem da Cruz.

a) A humilhação de Jesus – v.1-4

Os v. 1-4 nos falam da humilhação de Jesus. Quando falamos dos sofrimentos de Jesus, falamos de sua dor, mas costumamos diminuir sua humilhação. Imagine então a humilhação profunda de um pai sendo ofendido pelo filho. Um pai preferiria ter o braço arrancado a ver o filho se envergonhando dele. Agora, se puder, faça o cálculo das proporções e pense na ofensa de um Criador glorioso levando uma cusparada da criatura. Em Isaías 53 vemos a majestade do Criador encoberta por feiura (v.2); para nós, aquele galileu maltrapilho era motivo de desprezo (v.3). Lá vai mais um miserável! Zombamos dele como se fosse grande coisa para ele ser rei dos judeus, como se fosse incapaz de se salvar, zombamos dele como hienas estúpidas como se fosse um amaldiçoado por Deus, mas não havia ninguém mais santo.

“Rude cruz se erigiu, dela o dia fugiu, como emblema de vergonha e dor. Mas eu sei que na cruz, nesse dia, Jesus deu a vida por mim pecador!”

b) A imolação de Jesus – v. 5-9

Os v. 5-9 nos descrevem a Via dolorosa pela qual passou nosso Senhor. Os verbos apresentam seu terror e inferno. Ele foi traspassado, esmagado, ferido, castigado, oprimido, afligido. No extremo cansaço, rasgado, esmurrado, amassado, apunhalado, cortado. Nu subiu ao madeiro onde se derramou em sangue e suor. E essa era só a preparação. Seu suplício era no patíbulo, onde o braço do imolador era de um Deus irado, e o peso do martelo que viria sobre sua cabeça era enorme: cada injúria, cada pensamento impróprio, de cada homem, mulher, criança, bebê, daqueles escolhidos antes da fundação do mundo, mas que, quando nascem, mergulham em miséria. Cada miséria, dos que vieram e dos que virão, tudo isso pesava naquele martelo, nas mãos daquele Deus irado: “E o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós” (v.6).

“Nessa cruz padeceu, desprezado morreu meu Jesus, para dar-me perdão. Eu me alegro na cruz, dela vem graça e luz para minha santificação”

c) A alegria de Jesus – v. 10-12

Após a humilhação e a dor, vemos a alegria do Pai e do Filho: “foi da vontade do Senhor esmagá-lo” (v.10). “Depois do sofrimento de sua alma, ele verá a luz e ficará satisfeito”; “Pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha” (Hb.12.2). Por que riem agora o Pai e o Filho, após aquele espetáculo terrível? Porque “pelo seu conhecimento meu servo justo justificará a muitos e levará a iniquidade deles” (v.11). Porque suas feridas eram para curar, seu castigo era nossa salvação. Que plano final era esse que fez o Filho aguentar a Cruz? O fruto do penoso trabalho de Jesus é a nossa salvação, nossa santificação, nossa glorificação final, eterna, em comunhão com ele.

Ora, família cristã, pergunte ao próprio coração: “Aquele que não poupou a seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos dará juntamente com ele, e de graça, todas as coisas?” (Rm.8.32); porque “nisto conhecemos o que é o amor: Jesus Cristo deu a sua vida por nós” (1Jo 3.16).

“Sim, eu amo a mensagem da cruz; seu triunfo meu gozo será! Pois um dia, em lugar de uma cruz, a coroa Jesus me dará!”

Escrito para a Páscoa de 2020, época do isolamento por conta do Coronavírus

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