Quem foram os saduceus?

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Conheça esse pequeno, mas influente partido religioso dos saduceus

Ferrenhos opositores dos fariseus, o partido dos saduceus era um grupo pequeno em Israel, mas muito influente. Eram aristocratas sacerdotais, detinham o poder do templo e caminhavam entre os ricos. Apesar da rivalidade, não mediram esforços para se aliar aos fariseus e levar Jesus à cruz.

Conheça um pouco mais sobre os saduceus, esse grupo de raça de víboras, envolvendo sacerdotes e sumo sacerdotes, que perambulavam por Jerusalém, procurando um modo de acabar com o ensino de Cristo.

A origem dos saduceus

Há duas diferentes tradições para a origem do nome dos saduceus.

A primeira delas remonta a um sumo sacerdote do tempo de Davi, chamado Zadoque, da linhagem sumo sacerdotal de Arão (1Cr.6.3-8), que no tempo de Salomão foi colocado como sumo sacerdote (1Cr.29.22).

Outra tradição remonta a outro Zadoque, outro sumo sacerdote que teria vivido entre os séculos III e IV a.C, líder na Judéia no tempo dos domínios persa e grego. Esse sumo sacerdote teria começado a colocar de lado a religião para se misturar mais fortemente com a política. A linhagem desse sacerdote ficaria conhecida como zadoquita até o período do reino dos macabeus.

A primeira menção do partido dos saduceus é encontrada nos escritos de Flávio Josefo, o historiador judeu do primeiro século, que os registra no período de João Hircano, sumo sacerdote entre 135-105 a.C, membro da dinastia dos hasmoneus.

Já nesse período, eles são mencionados como ferozes opositores dos fariseus.

Também, nesse período, o texto apócrifo de 2Macabeus 4.13-16 apresenta os sacerdotes como grandes amantes da cultura grega:

“Por causa da perversidade inaudita do ímpio Jasão, que não era de modo algum pontífice, obteve o helenismo tal êxito e os costumes pagãos uma atualidade tão crescente, que os sacerdotes descuidavam o serviço do altar, menosprezavam o templo, negligenciavam os sacrifícios, corriam, fascinados pelo disco, a tomar parte na palestra e nos jogos proibidos. Não faziam caso das honras da pátria e amavam muito mais os títulos helênicos. Foi por essa razão que logo uma atmosfera penosa os cercou, porque naqueles mesmos, cuja forma de vida invejavam e a quem ambicionavam igualar-se em tudo, encontraram inimigos e os instrumentos para seu castigo.”

Assim, os saduceus surgiram no turbulento período dos hasmoneus, conforme os sacerdotes foram ficando mais politizados e interessados na cultura helênica.

Durante o domínio dos romanos e do governo de Herodes, a direção política dos judeus estava nas mãos dos saduceus.

Quem eram, afinal, os saduceus?

Os saduceus eram uma seita judaica do primeiro século, cujo nome tem raiz no hebraico “zadoque”, que significa “os justos”, que, transliterado para o grego, “sadouk”, deu nome ao partido.

O grupo era composto de sacerdotes e membros do sinédrio. Por isso, eles controlavam o templo e o sumo sacerdote. Embora fossem, em número, inferiores aos fariseus, eram mais poderosos, todavia.

Eram aristocratas sacerdotais, homens ricos, cultos e de elevada posição social.  A influência do grupo, porém, alcançava apenas os mais ricos da judeia, e não eram bem vistos pela massa, que era controlada pelos seus opositores fariseus.

Os saduceus mantiveram-se no poder por sua boa relação com Roma e com a cultura helênica. Eram mais apegados ao poder que à religião e lutavam para se manter no poder, na instável Judeia do tempo de Jesus.

Por serem partidários de Roma, eram desafetos dos revolucionários e de qualquer iniciativa que abalasse o status quo.

Também, usavam o poder para se beneficiar financeiramente.

O que pensavam os saduceus

Mas, afinal, em que criam os saduceus?

O pensamento dos saduceus era muito diverso do povo judeu como um todo e estava em forte oposição aos fariseus.

A autoridade dos saduceus vinha apenas da Torá (os cinco primeiros livros da Bíblia, o pentateuco) e não validavam a lei oral, como os fariseus. Também diferente dos fariseus, a interpretação da Torá era muito mais literal.

Além do mais, quanto ao mundo espiritual, os saduceus não criam na ressurreição dos mortos, nem em vida após a morte; não criam em anjos e demônios nem em julgamento futuro dos homens.

Na contramão do pensamento judaico mais popular do seu tempo, atribuíam tudo à livre vontade do homem, e não criam na predestinação. Atos bons ou atos maus eram todos oriundos do livre arbítrio e não fruto de uma intervenção divina.

Como se vê, o helenismo politizado tornou os líderes religiosos do tempo de Jesus bastante secularizados.

Os saduceus no Novo Testamento

Os saduceus aparecem constantemente mencionados no Novo Testamento junto dos fariseus polemizando com Jesus:

“Os fariseus e os saduceus aproximaram-se de Jesus e o puseram à prova, pedindo-lhe que lhes mostrasse um sinal do céu” – Mt.16.1.

E Jesus também revida contra eles, igualmente:

“Jesus, os saduceus e o casamento na ressurreição”, por James Tissot

“Então entenderam que não estava lhes dizendo que tomassem cuidado com o fermento de pão, mas com o ensino dos fariseus e dos saduceus”– Mt.16.12

Mas houve um episódio em que Jesus teve de enfrentar os saduceus especificamente. O episódio está registrado em Mateus 22.23-22 e envolve a teologia da ressurreição:

“Naquele mesmo dia, os saduceus, que dizem que não há ressurreição, aproximaram-se dele com a seguinte questão…” – Mt.22.23.

A pergunta era a respeito do casamento na ressurreição de alguém que tivesse tido várias esposas.

Mas Jesus responde a eles com um golpe profundo:

“Vocês estão enganados porque não conhecem as Escrituras nem o poder de Deus!” – Mt.22.29.

E os provocou ainda mais, dizendo: “Na ressurreição, as pessoas não se casam nem são dadas em casamento; mas são como os anjos no céu” (Mt.22.30), citando não apenas a ressurreição, mas também os anjos. Certamente os saduceus ficaram furiosos.

Naquela ocasião, os fariseus estavam espreitando o diálogo, e quando viram que os saduceus foram repreendidos por Jesus, trataram de cogitar uma aliança com seus inimigos históricos com um propósito em comum: matar Jesus Cristo.

“Ao ouvirem dizer que Jesus havia deixado os saduceus sem resposta, os fariseus se reuniram” – Mt.22.34.

Através dessa aliança, entre fariseus e saduceus, a crucificação se tornou possível. A participação dos saduceus na crucificação de Jesus foi crucial.

A própria condenação de Jesus foi justamente por uma ofensa mais relevante para os saduceus que para os fariseus:

“Os chefes dos sacerdotes e todo o Sinédrio estavam procurando um depoimento falso contra Jesus, para que pudessem condená-lo à morte. Mas nada encontraram, embora se apresentassem muitas falsas testemunhas. Finalmente se apresentaram duas que declararam: “Este homem disse: ‘Sou capaz de destruir o santuário de Deus e reconstruí-lo em três dias’” – Mt.26.59-61.

Perceba que, quando estava sendo julgado, a principal acusação de Jesus dizia respeito ao que ele havia dito sobre o templo. Quem cuidava do templo eram os saduceus. E, portanto, a acusação os ofendia mais que aos fariseus.

Caifás no julgamento de Jesus, cena do filme “A Paixão de Cristo”

Mas a perseguição dos saduceus não acabou com a morte de Jesus. No livro de Atos vamos vê-los ainda, perseguindo agora a igreja de Jesus.

Em Atos 4.1-22, vemos os saduceus se voltando contra os apóstolos, que ensinavam sobre a ressurreição de Jesus:

“Enquanto Pedro e João falavam ao povo, chegaram os sacerdotes, o capitão da guarda do templo e os saduceus.
Eles estavam muito perturbados porque os apóstolos estavam ensinando o povo e proclamando em Jesus a ressurreição dos mortos” At.4.1-2.

Depois disso, os saduceus mandam açoitar os apóstolos e adverte Pedro e João severamente sobre não ensinarem mais aquelas coisas. Ao que o apóstolo Pedro responde, com grande ousadia: “não podemos deixar de falar do que vimos e ouvimos” – v.20.

Ainda, no capítulos 5, os saduceus são expectadores do crescimento da igreja e se contorcem de inveja:

“Afluíam também multidões das cidades próximas a Jerusalém, trazendo seus doentes e os que eram atormentados por espíritos imundos; e todos eram curados. Então o sumo sacerdote e todos os seus companheiros, membros do partido dos saduceus, ficaram cheios de inveja” – At.5.16-17.

Finalmente, no capítulo 23 de Atos, os saduceus aparecem no sinédrio, agora tentando calar o apóstolo Paulo, que com muita inteligência, consegue manipular o seu julgamento, colocando fariseus e saduceus uns contra os outros:

“Então Paulo, sabendo que alguns deles eram saduceus e os outros fariseus, bradou no Sinédrio: “Irmãos, sou fariseu, filho de fariseu. Estou sendo julgado por causa da minha esperança na ressurreição dos mortos!” Dizendo isso, surgiu uma violenta discussão entre os fariseus e os saduceus, e a assembléia ficou dividida.” At.23.6-7

O destino final dos saduceus, esse partido político que foi herdeiro da linhagem levítica, uma linhagem tão digna, e que acabou se corrompendo pelo poder e pelo conhecimento do mundo, bem, o destino final dos saduceus ocorreu no ano 70 d.C, quando o seu poder, o templo de Jerusalém, foi definitivamente destruído pelos romanos, como Jesus havia predito.

Mas o nosso poder está no templo que foi erguido em três dias, o Senhor Jesus Cristo, que ninguém pode derrubar.

Assim, os saduceus se tornam para nós uma lembrança dos perigos do poder e da sedução do mundo, mesmo para aqueles que foram chamados justamente para preservar o conhecimento de Deus.

Consulta:

Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento
Enciclopédia Bíblica, vários autores
Dicionário da Bíblia, John Davis
Fatos e Números da Bíblia, Tim Dowley
Mapas, gráficos, cronologias e ilustrações, Cultura Cristã

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